Abzû é um jogo de 2016 que recentemente foi oferecido na iniciativa Play at Home do PlayStation, programa que por mês está dando alguns títulos sem custos para quem possui um PS4/PS5, dessa forma deixando em evidência para aqueles que não conheciam. Com ideia similar ao Journey propõe uma aventura minimalista feito para ser contemplado durante a jornada em meio ao oceano.

As comparações com Journey vão além uma vez que é produzido pela Giant Squid, composto por ex-funcionários que participaram do título lançado em 2012 originalmente para o PS3, aqui também mistura elementos de exploração e puzzles, mas nada muito complicado uma vez que o principal objetivo é passar pelos cenários observando a vida submarina e quando devido fazer algumas intervenções.

Não existe mistério para jogar, os objetivos mesmo não sendo evidenetes estão ali bastando curiosidade para entender qual será o próximo passo mesmo sem qualquer descrição ou indicador na tela, tudo no jogo funciona desta maneira, pela intuição. As atividades que rendem colecionáveis são poucas e estão divididas entre localizar fontes, pontos de meditação e conchas.


Por mais que seu enredo seja subjetivo (aberto para múltiplas interpretações) sabemos que o protagonista ali presente, personificado na figura de um mergulhador, está buscando algo. Após os primeiros contatos com o ambiente subentendemos qual seria a procura, entretanto, as razões que levam a isso ficam por conta do entendimento pessoal de quem está com o controle na mão.

Desfrutar dessa campanha talvez não seja convidativo para muitos uma vez que a calmaria apresentada e a falta de desafios possam estabelecer certa monotonia ao longo das horas, aqueles que buscam rapidez também podem ficar desapontados porque mesmo não sendo um jogo extenso dedica paciência no cumprimento de atividades que podem render conquistas para a platina.

Para quem busca uma experiência diferenciada Abzû passa ser um título obrigatório apresentando boas variações entre seus ambientes onde não fica apenas resumido a vastidão do mar, existem trechos destacando outros locais que naquela proposta têm simbolismos para livre imaginação como tudo no jogo. Até o oceano possui distinções onde certas passagens são mais coloridas já outras possui característica pantanosa, vegetação expeça e assim vai. 



A trilha sonora desempenha papel fundamental na imersão uma vez que não existem diálogos ou documentos escritos, em raras situações hieróglifos nas cavernas e construções subaquáticas, mas no geral é o áudio que impulsiona o ritmo retratado ditando a dinâmica junto ao visual. Transmite diferentes sensações indo dos mais suaves indicando calmaria aos graves que remetem tensão além daqueles que passam ideia de curiosidade, extase e mais alguns outros.

Tudo é feito para ser admirado, o estilo cartunesco reforça a sensação de estar vendo uma pintura ou assistindo uma animação. A paleta de cores é outro importante aliado para a contemplação, as tonalidades escolhidas são representativas, demonstram delicadeza num todo, auxiliam também para indicar qual sentimento exposto naquele momento. A direção de arte está impecável, talvez o ponto máximo de Abzû, mescla as informações visuais de uma forma minuciosa seja na ambientação, adereços, animais num todo bem trabalhados.


Apesar de toda qualidade o jogo possui suas falhas a mais perceptível fica por conta da câmera desajeitada onde as vezes não enquadra os ângulos desejados. Outro, porém deve-se pelos comandos que fazem o personagem movimentar pelas áreas que nem sempre obedece sendo necessário volta e meia lembrar que para mergulhar mais profundo, por exemplo, é necessário estar com um botão específico selecionado, caso tente fazer sem isso irá apenas circular em torno de si.

Jogar Abzû é buscar ter uma experiência gratificante podendo realizar ações que permitem nadar na companhia dos seres marinhos, entre eles, peixes, baleias, golfinhos e até um grande tubarão branco. Cada momento merece ser fotografado são exuberantes e causam impacto visual mostrando o quanto aquele personagem principal é pequeno em meio a tantas outras coisas que estão ao seu entorno.

Mesmo sendo um jogo sem respostas para as dúvidas que inevitavelmente irão surgir e apelando para simplicidade da sua jogabilidade reforça com maestria o conhecimento sensorial que propõe dar através do audiovisual como poucos conseguem fazer. Apreciar esse título é um exercício relaxante que merece ser vivenciada por aqueles que procuram coisas para fugir do comum.